uma parede que é um caminho

Habitualmente as paredes fecham, cortam, impedem. Em Estúdio do Bairro não é assim. Aqui, esta parede adormecida conduz-nos através do olhar de mais de uma centena de pessoas que ousou entrar no estúdio da fotógrafa e fixar o momento em que decide relacionar-se com o futuro.

Esta instalação fotográfica, onde uma parede deitada sobre o chão com cerca de 15 metros, exibe um grande conjunto de fotografias. Onde o retratado olha a câmara e sorri. Quase sempre. Estas fotografias – produzidas em vários ambientes de estúdio fotográfico de bairro no Largo do Intendente ao longo de 5 meses – evocam a familiaridade das paredes das nossas casas, em que cada moldura guarda um olhar oferecido por alguém que nos é querido. Estas pessoas inscrevem o retrato no seu quotidiano, “mapeam” o lugar com a sua passagem. Com a sua presença. Agora, nesta parede cruzam olhares, ladeiam-se e acompanham-se. Criam novas ligações, relações de afeto para o visitante deslindar.

Um mapa rizomático que se junta ao mapa geográfico.

À nossa frente está UM retrato e uma estrada, o retrato de uma comunidade que habitou o Largo do Intendente e que agora no Quartel do Largo Cabeço de Bola nos oferece a sua bondade, que nos conduz a um novo momento que iremos fixar. Para nos olharmos.